Final
de tarde de domingo, armei-me com um generoso balde de pipoca recém-estourada, sofá
e filminho.
Mas não um filme qualquer. Escolhi “Um divã para dois”, de 2012, com Meryl Streep, Tommy Lee Jones e Steve Carell (Netflix). Já havia assistido, não sei exatamente quando, mas quis revisitá-lo, agora com os olhos de Terapeuta Masterlove.
O filme nos mostra um casal na idade madura, com os filhos fora de casa, vivendo uma rotina funcional, elaborada em 31 anos de casamento. Só que ela quer mais, quer resgatar a intimidade com o marido que não acha necessária nenhuma mudança.
Em uma atitude derradeira, ela compra uma imersão para casais com suas economias e, ele, muito a contragosto a acompanha.
Contar mais seria estragar o prazer de assistir esses dois atores maravilhosos em um resgate, ora duro e difícil, ora terno e amoroso, de uma relação que sequer sabemos se foi tão boa assim.
De qualquer forma, #ficaadica.
Mas o que nos interessa neste espaço é que o filme mostra algumas lições sobre relacionamentos e o papel da terapia na solução de problemas.
Problemas no relacionamento:
1) Falta de diálogo.
Em uma relação de muitos anos, o casal começa a desenvolver uma comunicação não verbal.
Eu sei que ele se levanta tal hora e quer tomar seu café tal hora. Então isso é feito, sem precisar de palavras. E, enquanto é feito, não se tem reclamações. E, muitas vezes, não existe agradecimento. Ou elogio. É uma obrigação a ser cumprida. E assim podemos seguir, ajustando uma série de pequenas obrigações estabelecidas em algum momento que, se executadas, não precisa de mais trabalho, de conversas, de agradecimentos.
E, quando se vê, a vida do casal é essa sucessão de pequenas obrigações que dispensam diálogos, até o momento que os diálogos se tornam inexistentes. E o que permeia a vida a dois é o silêncio. O silêncio significa que está tudo em ordem. Mas não significa necessariamente que está tudo bem.
2) Mágoa guardada.
Às vezes uma palavra, um gesto, um comportamento, doem tanto, que o parceiro se recolhe e não traz a sua dor para a mesa. Tem medo de expor sua vulnerabilidade, ou fez isso uma ocasião, mas não foi ouvido, não se deu valor ao seu sentimento e ele simplesmente recolhe. Não fala mais sobre aquilo. Mas a dor não deixa de existir. Ela pode se acumular, ir crescendo, crescendo, até explodir. Ou pode ser suprimida, recolhido, engessada, até o coração não sentir mais.
3) Acomodação.
Tem casais que não consideram uma separação. Por motivos vários, e, mesmo quando a relação está fria, sem paixão, sem diálogo, entendem que não há outra opção. Estão casados há muito tempo, continuarão casados por muito tempo e pronto. Ficam com medo de remexer e começar a brigarem, a discutir, perderem a paz e, talvez até, acabem se divorciando. Então, por que remexer?
1º passo para a terapia. Identificar que a relação está com problemas e querer melhorar.
Esses são alguns dos problemas que o casal do filme enfrenta.
Mas, ao contrário dele, ela não se conforma. Ela quer mais no seu casamento. Ela quer diálogo, contato físico, beijo na boca. Ela quer voltar a fazer sexo com seu marido.
2º passo para a terapia: Informação.
E sua persistência e obstinação a levam a algo muito valioso: o aprendizado.
Ela busca informações, livros, se orienta sobre o assunto. E assim que descobre a terapia imersiva para casal.
Aqui faço um adendo: a imersão de uma semana é só no filme! A Terapia Masterlove é diferenciada. Conhecer o processo terapêutico, se informar sobre o profissional, entender como aquilo pode ajudá-los, é essencial para que dê certo.
3º passo para a terapia: Ação.
E, decidida a transformar seu casamento, ela se arrisca: compra a imersão, passagem, hotel. E, quando o marido diz que não aceita e que não vai, ela segue sem ele!
Não adianta saber que seu relacionamento está com problemas, se orientar sobre a possibilidade de ajuda e não se mexer. É preciso ir atrás da terapia, fazer as sessões, se comprometer com o processo. De preferência a dois.
4º passo para a terapia. Comprometimento.
É necessário sim sentar-se no divã (ainda que virtual) e se expor. Expor as mágoas, as frustrações, os desejos, os sonhos. É necessário falar, mas também ouvir.
Assim como crianças, reaprender a falar, a dizer o que quer. Reexercitar o falar e, muitas vezes, pela primeira vez, aprender a ouvir.
Reescrever a história desse relacionamento, mas agora, a dois.
5º passo para a terapia. Aceitação.
Na terapia de casal é provável que vocês revejam sua relação e que descubram infinitas possibilidades daqui para a frente. Mas é importante aceitar que o relacionamento é uma construção ativa, vibrante, de cada um. Essa construção é infinda e feita dia a dia.
A terapia não resolve problemas, ela dá ao casal a possibilidade de terem instrumentos e ferramentas para solucionarem as questões que surgem a todo momento.
Assim como não vou revelar o final do filme, o resultado da Terapia Masterlove também não tem como ser revelado. Mas eu posso garantir que vivenciar esse processo é transformador.
Bom filme.
Eliane Bodart