De início, como se classifica uma mulher madura?

Podemos classificá-la de forma fisiológica.

A partir dos 40 anos, a mulher encerra a sua fase de juventude e ingressa na fase da maturidade do seu corpo físico.

Esse marco se deve ao término da fase reprodutiva da mulher, com a chegada da menopausa e a impossibilidade de engravidar de forma natural.

“A menopausa corresponde ao último ciclo menstrual, ou seja, a última menstruação. Ocorre, em geral, entre os 45 e 55 anos. Quando ocorre por volta dos 40 anos, é chamada de menopausa prematura ou precoce.

O termo menopausa é, muitas vezes, utilizado indevidamente para designar o climatério, que é a fase de transição do período reprodutivo, ou fértil, para o não reprodutivo na vida da mulher.” – Fonte Blog da Saúde. Ministério da Saúde
Dr. Dráuzio Varella

Se utiliza, portanto, esta fase de mudanças físicas e hormonais para determinar que a mulher ingressa na sua fase madura.

Mas, aos 40 anos, sINTO ser rude, velha era a sua avó.

A mulher de 40 anos hoje está no auge de sua vida. Ou, fisiologicamente falando, ao menos na metade dela.

“A expectativa de vida das mulheres brasileiras tem aumentado ao longo das décadas, e é maior do que a dos homens. 

Década de 1970 

• A expectativa de vida era de 57 anos.

Século XX 

• A expectativa de vida aumentou substancialmente no século XXI, chegando a 75 anos em 2015.

2022 

• A expectativa de vida das mulheres era de 79 anos, enquanto a dos homens era de 72 anos.

Projeções para as próximas décadas 

• Em 2030, a expectativa de vida das mulheres deve ser de 81 anos.
• Em 2040, a expectativa de vida das mulheres deve ser de 82,6 anos.
• Em 2050, a expectativa de vida das mulheres deve ser de 84 anos.
• Em 2060, a expectativa de vida das mulheres deve ser de 85,2 anos.
• Em 2070, a expectativa de vida das mulheres deve ser de 86,1 anos.” – Dados do IBGE

Portanto, velha era a sua avó. A mulher 40+ hoje é apenas adulta.

A ausência de capacidade reprodutiva se limita a esse aspecto: fisicamente, após a menopausa, a mulher não poderá ter um filho pelos meios naturais. Mas existe uma gama de possibilidades desta mulher ter um filho na idade madura, como a fertilização in vitro, adoção e outras tantas.

E, acredite, não é o fato de gerar ou não um filho que define uma mulher.

As mulheres exercem tantos papeis e são múltiplas por natureza. Relegá-las à função de procriadora é sinônimo de desconhecimento, preconceito e, até ignorância.

Pelas sucessivas mudanças de comportamento da sociedade e da dinâmica familiar nas últimas décadas, aceleradas nos últimos anos pelo advento da internet e da pandemia de COVID, o mundo, como nossas avós conheciam simplesmente deixou de existir e é preciso identificar isso para diminuir as lutas desnecessárias para as mulheres 40+.

Fisicamente.

Acho muito instrutivos os memes da internet com fotografias de mulheres de 40, 50 anos, comparando-as no tempo. Por ex.: Fernanda Montenegro aos 50 anos e Angélica com 50 anos.

Isso demonstra que o estilo de vida, os cuidados com o corpo, os cosméticos e tratamentos estéticos adiam, em muito, o peso da idade.

Mas envelhecer bem exige esforço, determinação, tempo e, muitas vezes, dinheiro.

Mas, cuidados básicos com uma alimentação equilibrada, atividade física, eliminação de hábitos como o consumo de fumo e álcool já fazem uma diferença incalculável no aspecto físico de uma mulher madura. Hoje, mulheres com 40, 50, 60, 70, 80 anos são consideradas ícones de beleza, como Cláudia Ohana e Helô Pinheiro entre tantas outras.

Não sejamos tolas, no entanto, de acreditar que estamos no auge da forma física, porque esta ficou para trás definitivamente. Auge, auge, alcançamos por volta dos 25 anos e, a partir daí, o nosso corpo físico começa a entrar em declínio.

A velocidade na qual isso ocorre é o fator que podemos interferir. Assim como a qualidade do físico que teremos.

O aspecto da saúde é outro que está sendo considerado como nunca na vida dessas mulheres.

Até mesmo o climatério e a menopausa podem ser o marco de um cuidado maior com a saúde. Reposição de hormônios, se houver indicação, atividade física regular, ganho de massa muscular, acompanhamento preventivo de doenças familiares etc.

Sem dúvida, o conhecimento e a possibilidade de acompanhamento e tratamento médico preventivo faz com que, fisicamente, estejamos muito melhores do que as gerações anteriores.

Relação com a maternidade.

Enquanto nossas avós se tornavam avós aos 40, nós hoje, muitas vezes, nem mãe somos aos 40 anos.

Os recursos da medicina permitiram o controle da gravidez e, ao mesmo tempo, seu adiamento para idades impensáveis há pouco tempo.

Muitas vezes em razão de um planejamento profissional, estudo e carreira ou mesmo na exigência de um parceiro melhor qualificado para exercer o papel de marido e pai, as mulheres maduras estão optando por não terem filhos, ou os terem a partir dos 40 anos.

Se, por um lado, temos que administrar as angústias dessa escolha, como a pressão social e familiar para sermos mães, as incertezas de optar por métodos diferenciados para exercer a maternidade, as dificuldades físicas de ser uma mãe tardia, o controle do nosso corpo e da nossa vida é extremamente satisfatório. A maternidade combina muito bem com a maturidade e a independência financeira alcançada com a profissão, torna a qualidade desta maternidade bem melhor.

E, aqui, cumpre observar outra mudança de comportamento significativa. As avós 40+ não querem ser relegadas a cuidar dos netos. Podem até fazer essa opção. Mas não é mais uma obrigação. É uma opção, uma escolha dela ser ou não avó em tempo integral. Até porque ela tem bastante coisa para cuidar na própria vida.

Sexualidade.

Muitas pessoas confundem a infertilidade da mulher com o término de sua vida sexual. Nada mais distante da realidade.

A mulher 40+ tem maior consciência do seu corpo. Muito provavelmente teve mais do que um parceiro sexual, portanto, acumula experiência. Tem mais acesso a informações sobre sexualidade e mais liberdade e independência para exercê-la.

E, aliado a tudo isso, ela não tem mais a preocupação de engravidar e, muitas vezes, de ter um casamento.

Liberdade + independência + conhecimento = sexualidade plena e bem resolvida.

Relacionamentos.

A mulher madura provavelmente não chegou aqui ilesa. Teve suas experiências em relacionamentos, às vezes até casamentos. Já constituiu família, teve seus filhos. Às vezes descasou, ficou viúva, quem sabe.

O importante é que essa nova mulher madura tem um outro olhar para o relacionamento amoroso.

Não existem mais ilusões. Ela sabe que os relacionamentos trazem inúmeros desafios e, muitas preferem a independência, ainda que isso implique em uma parcela significativa de solidão.

As mulheres maduras priorizam os bons relacionamentos a qualquer relacionamento.

Elas querem companheiros que lhes agreguem mais do que lhe tirem a paz.

E, elas sabem até seguir sozinhas. Tirar proveito de sua independência, de sua liberdade. Estabelecer relacionamentos com novas dinâmicas, como morar em casas separadas, relacionamentos à distância, ausência de compromisso.

Enfim, a mulher 40+, a mulher madura atual, é uma mulher dinâmica, cuja aparência física não lhe molda, é uma mulher estudada, que prioriza a independência e liberdade, mas busca mais leveza e alegria em seus relacionamentos e em sua vida.

Na minha humilde opinião e, no alto da minha experiência de mulher madura, vivenciamos nossa melhor fase e nos tornamos seres fascinantes.

Desfrutem, Lobas.

Eliane Bodart