Em tempos que vemos Ana Hickmann dizer que seu ex-marido a chamava de velha e gorda, e que a pressionava para fazer cirurgias plásticas (assim mesmo, Bem, no plural) e a Sandy dizendo que usa maquiagem até em casa porque foi criada na frente das câmeras e é essa imagem que ela reconhece no espelho, fico perguntando:
— E nós, pobres mortais?
Aprecie-se ou não o trabalho dessas mulheres, ninguém, em sã consciência, pode dizer que elas são feias, velhas ou gordas. Mas a exigência brutal de juventude e beleza sobre as mulheres faz com que sejamos martirizadas em busca da eterna juventude. E, algumas mulheres sofrem um verdadeiro abuso psicológico por exigência externa (trabalho, marido, amigas) ou por exigência interna (comparação com outras mulheres, necessidade de se ver sempre bonita e jovem para ser aceita).
Severos são os distúrbios que isso traz. Distorção da própria imagem, distúrbios alimentares, insegurança, baixa autoestima, ansiedade e depressão, entre diversos outros. E isso ocorre por um único motivo: a perseguição de um ideal inalcançável: ser jovem e bela para sempre. SINTO informar, mas esse elixir da juventude ainda não existe. Muitos prometem, mas ainda não existe. Existem sim, cosméticos maravilhosos, protetores contra a ação do sol, exercício físico, boa alimentação e, por que não, procedimentos estéticos. É um verdadeiro arsenal à nossa disposição para, se impossível retardar o envelhecimento, mantermos nosso corpo da melhor forma em cada etapa.
Mas a virtude está no meio, já nos disse o sábio. O bom senso, principalmente nos procedimentos estéticos deve imperar e não é isso o que vemos. Percebo que há uma padronização nesses procedimentos que retira o que cada uma tem de único e especial e transformam-nos todas no mesmo estilo que é considerado o ideal de beleza predominante. Estão aí os resultados, muitas vezes desastrosos, da padronização, ops, harmonização facial.
Se queremos parar de sermos julgadas pela nossa aparência, é bom que comecemos esse movimento por nós mesmas. Ter consciência do nosso corpo, explorar nossos pontos fortes, amenizar os que não são tão fortes assim. mas, para nós nos sentirmos bem e bonitas e não para sermos a bonequinha plástica que os outros nos exigem.
Se estamos vivas, sINTO muito, nosso corpo está se modificando. Isso não nos impede de encontrarmos beleza em cada fase. Quem disse que temos que estar sempre maquiadas, com o cabelo arrumado, com filtro? Quem nos impõe essa exigência absurda de sermos perfeitas? Você pode dispor de filtros, sempre que quiser, desde que, sem filtro, você se aceite e se ame, do jeitinho que você é.
Deixe de colocar no olhar alheio a sua beleza e bem-estar. O único olhar que tem valor é
o seu.
E se alguém reclamar, respire fundo e responda:
— Sou sem filtro, sim. E daí?
Eliane Bodart