Certa vez alguém me perguntou:

– Você continua odiando o Natal?

Olhei surpresa, mas depois me lembrei de uma crônica que escrevi falando sobre o mês de dezembro, a loucura, a correria para dar conta de tudo que não se fez o ano todo, a necessidade de consumo, de festas, de presentes, de pajelanças e, tudo no meio do calor infernal do verão brasileiro. E minha querida leitora formou a ideia de que eu odiava Natal.

Não odeio o Natal, deixemos isso bem claro. Mas o meu Natal não tem nada a ver com a descrição acima. Aliás, fujo de tudo isso com toda a força do meu ser.

Meu Natal, assim como meu aniversário, é tempo de reflexão. De conexão com os ensinamentos de Cristo, com estreitamento de laços.

Agora mesmo, estava revendo as fotografias deste ano e me surpreendi que, em um ano particularmente tão desafiador, tantas coisas boas aconteceram. Experiências, amizades, celebrações, cafés, comidinhas, lugares, viagens, abraços, música. Como diria Roberto, muitas foram as emoções.

Um ano de estudo e aprendizado contínuos, de novos projetos encaminhados. Não posso dizer que foi um ano de muito trabalho porque sou aquele tipo de pessoa privilegiada que ama tanto o que faz que não trabalha um dia sequer.

Foi um ano de escrita, de novos horizontes, de novas perspectivas e possibilidades. Embora não tenha publicado um livro novo este ano, meus livros continuam a me levar a lugares maravilhosos e a vivenciar neste universo literário um mundo cada vez mais admirável e próximo daquele que eu sempre quis viver.

E, só é possível encontrar tantas coisas boas se, ao invés de enlouquecer no final de ano, tirarmos um tempo para análises e reflexões. Só assim conseguimos parar um pouco, neste mundo acelerado e com tantas mil informações a nos chamar a todo momento, para nos darmos conta do que fizemos enquanto estávamos fora das telas dos nossos celulares.

Ah, então 2024 foi um ano maravilhoso?

Tenho a impressão Bem, que se 2024 tivesse um nome, seria “Desafiador”. Não só para mim, mas para o ser humano, o planeta, nossa amada Terra. A Natureza foi feroz, o homem está sendo feroz, nas guerras entre países e nas guerras urbanas. Parece que o mundo, como conhecíamos, virou de cabeça para baixo e, o que vimos, foram pessoas estarrecidas, surpresas, inconformadas.

Pessoalmente, não foi diferente. Eu, a Rainha do Planejamento, vi meus planos naufragarem pelo menos umas três vezes. Mas, como Resiliência é meu nome do meio e, se eu fosse um animal, seria uma Fênix, novamente renasci, me reinventei, ajustei rotas e compreendi, pela enésima vez, que nós fazemos planos, e a vida, esta danada, os desfaz.

E o que vi é que as pessoas também renasceram, que no desafio, do caos, da incompreensão encontraram oportunidades. Se você estiver atento e tiver coragem de agir, pode transformar sua vida e o mundo.

E, qual momento pode ser melhor do que entre Natal e Ano Novo para fazer esta retrospectiva? Para ler sua vida, rever os melhores capítulos, fixar as melhores passagens, as melhores ações, as melhores palavras? Perceber o que foi bom, o que não foi tão bom, o que você quer daqui para a frente e planejar como você vai alcançar seus sonhos e objetivos.

E, novamente, recomeçar. Aproveitar o novo ano, que é um novo livro, com 365 páginas em branco, nas quais você pode escrever novas histórias, percorrer novos caminhos, começar. Recomeçar.

Não, eu não odeio o Natal. Acho no mínimo estranho alguém fantasiado de Papai Noel sob um calor de 40 graus, mas, como diria minha avó, o que é de gosto regala a vida.

Mas me dou ao luxo de viver o Natal do meu jeito. Natal, para mim é um estado de espírito. É muito mais para dentro do que para fora. Tem mais reflexão do que festa. É mais um olhar sobre quem sou, qual o meu papel no mundo, como posso tornar este mundo um lugar melhor com a minha existência. Natal é um estado de amor e caridade, para comigo, para com aqueles que eu amo e para o próximo.

Espero que você também possa vivenciar um Natal assim, cheio de pessoas amadas à sua volta, de saúde, de harmonia e felicidade.

E de paz. Que estamos todos precisados.

Eliane Bodart