Sabemos, com dados estatísticos
comprovados que a população idosa tem aumentado significativamente. Fato este
que desperta maior atenção e preocupação relacionadas às características e
demandas próprias da diversidade desta faixa etária, como a sexualidade na
terceira idade que está acima dos 60 anos.
A pesquisa de Carmita Abdo, publicada no Mosaico Prosex, apresenta o seguinte percentual de sexualidade ativa em homens e mulheres na faixa dos 60 anos em diante: Homens – 87,4% e Mulheres 51,2%.
Sendo assim, pretende-se abordar o tema, procurando responder à questão: Em que medida o idoso vive a sexualidade, considerando suas limitações físicas, levando em conta que os estudiosos a aceitam como ativa durante toda a vida?
Magda Maria Silva Tavares e Valeria Sena Carvalho (2011) conceituam que a “sexualidade” é um fator que ocorre naturalmente na vida do ser humano, independentemente da idade. Um elemento básico da personalidade que determina no indivíduo, um modo particular e individual de ser. Uma forma de expressão que se adquire e se aperfeiçoa ao longo da vida.
Freud (1905) traz a concepção de que a sexualidade está presente em todo o desenvolvimento e formação do ser humano. Através das zonas erógenas, muitas relacionadas aos sentidos (olhar, olfato, boca, ouvidos, tato e também os esfíncteres), a sexualidade é construída e constitutiva do sujeito.
Dependendo de como é tocado, cuidado e estimulado, o ser humano é levado a perceber a voz, o cheiro, o toque, a higiene, enfim, tudo que o remete ao mundo e ao outro. Dessa forma, a sexualidade está em todo ser humano, independente da idade.
Usar um único conceito para definir terceira idade, é insuficiente.
Deve-se considerar, ao estudar a sexualidade nesta fase da vida, que o envelhecimento depende de diversos fatores que ocorrem nas fases anteriores, como as experiências vividas na família, na escola ou em outras instituições.
Uma vez que a idade cronológica pode não ser idêntica à idade biológica, psicossocial do indivíduo, a terceira idade ou velhice não pode ser interpretada ou definida com um único conceito.
A sexualidade ocorre naturalmente na vida do ser humano, independente da idade. É um modo particular e individual de ser, uma maneira de expressão que se adquire e se aperfeiçoa ao longo da vida.
Contudo, o sexo entre os idosos ainda é tema considerado tabu por muitas pessoas, como se sexo fosse algo reservado apenas aos mais jovens e, que ele é inadequado (principalmente para a mulher idosa). Há a exigência de que os homens não podem falhar e de que as mulheres têm que ser belas, ter corpo “perfeito” e juventude como fontes únicas de atratividade. Esses aspectos encucados pela cultura, fazem com que estes homens e mulheres tenham uma visão totalmente equivocada do sexo e da sexualidade, desenvolvendo insegurança e barreira psicológica, bem como fazendo com que haja a diminuição da libido e realização sexual, sendo-lhes negado o direito ao prazer.
Um ponto muito positivo a se ressaltar é que há Faculdades que já trabalham a posição do idoso na atualidade, através de cursos e palestras. Há também atendimentos individualizados de geriatras, gerontólogos, assistentes sociais, médicos, psicólogos e sexólogos quanto a este assunto.
Longevidade
Algumas informações para idosos manterem a vida sexual ativa:
Idosos podem e devem ter uma vida sexual ativa e não há do que se envergonharem ou acharem que a prática é ousada demais para a idade. Já é tempo de perder a inibição e vencer o preconceito ao falar de sexo na terceira idade.
São muitos os benefícios tanto para a saúde do corpo quanto da mente, proporcionando melhor qualidade de vida, equilíbrio do sistema neuroendócrino, além de promover a elevação da autoestima!
Vamos às dicas:
O tempo de ereção muda
É importante saber (e aceitar), em primeiro lugar, que a relação sexual não continua a mesma da juventude ou na fase adulta. O corpo muda e não tem mais aquele pique para aguentar maratonas sexuais ou penetração por muito tempo. Isso acontece principalmente, por conta da redução da testosterona e de outras questões relacionadas à saúde, como ganho de peso e colesterol. O tempo que um idoso consegue sustentar a ereção é menor e, o tempo de latência (aquele entre uma relação e outra) fica maior. Não há como dizer, precisamente, qual é esse tempo que varia de acordo com o organismo de cada um.
Muitas coisas mudarão durante a relação, mas isso não significa que os homens deverão deixar de praticá-la.
Eles notarão uma diminuição no volume ejaculatório. Às vezes, poderão atingir o orgasmo mesmo sem estar com o pênis ereto ou mesmo, não ejacularão.
A sensibilidade das genitais, tanto no homem quanto da mulher, terão certa redução.
As mulheres também têm as funções fisiológicas alteradas
Uma disfunção comum é a dispareunia (dor na penetração ou na movimentação), seja por falta de lubrificação vaginal ou vascularização após a menopausa, porque tem queda do útero ou bexiga, ou o pênis do homem (pouco ereto) dobra e leva à dor.
Terapias mínimas de intervenção resolvem a questão feminina: creme de estrogênio tópico ou o próprio lubrificante ajudam.
Para as mulheres que podem, é indicada a reposição hormonal, que leva a um aumento do desejo sexual.
Novas formas de prazer
Os idosos podem sim resgatar a sexualidade de outras formas, visto que sexo não é só penetração.
Uma dica é o estímulo ou a massagem corporal, onde o parceiro toca o corpo do outro com óleos e, aos poucos, vão descobrindo outras áreas tão interessantes quanto a genital.
Masturbação ou sexo oral mútuo e o toque perianal também são alternativas. Assim, percebem que a rotina da penetração não é essencial para manter a chama do desejo acesa.
Uso de estimulantes sexuais
Problemas cardíacos podem ser contraindicações para o uso desses medicamentos, sendo assim é sempre indicado que se consulte um médico antes de fazer uso deles.
Os remédios servem para quem tem problema de ereção leve a moderado. Agora, se a questão é grave, dificilmente surtirá efeito.
Se este for o caso, não tome mais que o indicado na bula e procure a orientação de um profissional.
Pode transar depois de um infarto?
Há muitos mitos sobre o esforço físico envolvido na atividade sexual. Na verdade, nem é tanto assim: o esforço pré-orgasmo ou mesmo durante ele, equivale ao que fazemos quando caminhamos em terreno plano a uma velocidade de 3 a 6 quilômetros por hora.
Então, não há necessidade de ter medo em fazer sexo após um episódio cardiovascular. Na dúvida, converse com seu médico.
Valorize a intimidade
Desde que não se perca o carinho e o respeito, o casal sempre será ativo sexualmente. É recomendável que não se esqueçam do começo do relacionamento: a mulher era mais afetiva e o homem, com um desejo incontrolável. O principal, é entenderem que seus corpos tiveram mudanças e alterações e que, juntos precisam se adaptar.
Acessórios sexuais são ótimos aliados
Não há necessidade de ter vergonha de explorar esse tipo de brinquedo. Caso o casal não queira ir a um Sex Shop, pode comprar online. A mulher pode se satisfazer com um vibrador (existem vários tipos) e o homem pode usar o anel peniano, que segura a ereção por mais tempo. Como a sensibilidade da área sexual masculina fica reduzida, ele também pode usar o Ovo Masturbatório, que aumentará a sensação de prazer.
Não deixe de usar preservativo
No Brasil, houve um aumento considerável no número de casos de HIV em idosos de um tempo para cá. Uma das explicações é que o homem não quer usar preservativo para não perder a ereção e, assim acaba sendo contaminado. Além disso, os homens ainda continuam sendo férteis e podem engravidar uma parceira que também seja.
Saúde do assoalho pélvico
O assoalho pélvico é a estrutura muscular na região da bacia que serve para controle urinário, fecal e ginecológico, garante a melhor qualidade sexual durante o envelhecimento.
Existem exercícios para essa região do corpo que podem ser feitos desde a idade adulta, que além de fortalecerem essa musculatura, trazem vários benefícios para a saúde.
Conclusão:
A mudança de valores e crenças pela experiência de vida e o fortalecimento no relacionamento, por conta do tempo de convivência, fortalecem o sentimento de amor e afinidade entre pessoas mais velhas.
A sexualidade transcende a atividade sexual, envolve diversos aspectos, como carinho, amizade, companheirismo, confiança, cumplicidade, desejos, bem como outros aspectos qualitativos que são capazes também de proporcionar prazer.
Sendo assim, vale ressaltar que a sexualidade na terceira idade, é uma temática que merece destaque, respeito e atenção por parte da sociedade e dos profissionais da saúde.
Mitzi Regislaine Mello